segunda-feira, 29 de junho de 2009

Marca e credibilidade

A Nokia pretendia presentear algum ponto da cidade de São Paulo com internet livre. Entre as opções, foi eleita por voto popular a Universidade de São Paulo, a maior da América do Sul, com seus milhares de alunos e professores ativos em produção de conhecimento - além de outros tantos funcionários. O presente tornou-se uma (possível) justa troca. A justa troca, após sua inauguração, mostra-se mais falha e injusta a cada dia.

Digo falha, pois a internet é simplesmente falha. Não “sujeita a falhas”, como qualquer tecnologia está sujeita a problemas de percurso. A “Connect USP”, como batizado nosso caro presente, foi testada pela reportagem do Jornal do Campus em 33 pontos da cidade universitária: dentre eles, apenas três foram considerados satisfatórios. Sobre o teste, a assessoria da Nokia respondeu que a maior parte dele foi realizada em espaços fechados, sendo que a rede havia sido idealizada para áreas abertas.

Tal especificação, obviamente, não constava na publicidade. A USP não recebeu o presente direcionado à cidade de São Paulo, mas essa recebeu, recebe e receberá massivamente publicidades dúbias como a veiculada. O que ela provavelmente não receberá será a notícia de que esse serviço foi um presente que causa tanta comoção e gratidão quanto um vaso de cristal quebrado. E essa informação, até então, foi pauta apenas do jornal de circulação interna da USP.

Sumarizemos o absurdo balanço final dessa novela: Nokia, o presenteador, ganha publicidade. A USP, escolhida por voto popular, ganha três pontos de boa internet em cerca de 600.000 hectares de área. E a cidade de São Paulo ganha... Cidadãos que não sabem que o presente do qual eles não usufruem sequer funciona decentemente.

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