sábado, 6 de junho de 2009

You should smoke


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Aula de inglês. Atividade em dupla. Respondi “esperar pelo ônibus” para minha amiga, de nome fictício Mariana. A pergunta fora “você pode pensar em algo que sempre te tira do sério?”. Antes de responder, pensei um bom tempo, juro. Então Mariana disse que o remédio para meu problema seria fumar. Ela afirma que acender um cigarro faz com que o ônibus apareça, de súbito. Aí, o cigarro tem de ser jogado praticamente inteiro fora.
Não me importei com a veracidade do mito. Já tinha ouvido falar sobre isso. Mas, na hora, fiquei espantado, porque foi a primeira vez que me dão esse conselho: "fume". “Você fuma?”, perguntei. Mariana parara há algum tempo. Por causa de uma doença. “Você está orgulhosa disso? Ah, então, parabéns”, sorri. Continuei um tanto perplexo. Se foi por recomendação médica que ela parou de fumar, acho que não deveria nem ter começado. Afinal, o Ministério da Saúde é ou não é formado por médicos?
“Você trabalha para a Souza Cruz, então”, concluí. Mentira: a pergunta correu ligeiramente pelos meus miolos, mas não fiz a piada. Claro, depois de ter assistido “Obrigado por fumar” três vezes, fico procurando pessoas maliciosamente carismáticas e que possam me levar ao mundo do cigarro. Como se eu, por mim mesmo, não fosse suficiente.
Confesso já ter fumado em três ocasiões. Para me justificar, a graduação alcoólica do meu sangue superava a da vodca. Já discuti essa situação com uma estudante de psicologia: minha irmã. Ela concorda ser estranho que pessoas “fumem socialmente”, mas atribui esse hábito a tentar se incluir num grupo que “transgride” por meio do mal próprio. Se eu acendesse e tragasse um galho ou um guardanapo de papel, seria mais saudável que um cigarro moderno.
O gosto do cigarro é terrível, não só para o fumante, mas também para quem beija o infeliz. Já briguei uma vez com uma moça que havia fumado há pouco, justamente por causa do hálito. A sensação era de ter lambido um carvão. Fui um tanto rude, pedindo para ela tomar um pouco da minha cerveja. Novamente, a graduação alcoólica do meu sangue superava a da vodca.
“You sould not smoke”, diriam as cartilhas e placas. E também o nosso governador José Serra, caso ele se nos dirigisse na língua anglo-saxônica. Sua lei antifumo foi aprovada e sancionada. Não mais fumaremos em lugar coletivo, ou seja, com 15 pessoas ou mais. Não interessa se é público ou privado: bares e discotecas estão incluídos. Tabacarias também. Chega de se transformar em um provolone durante a noite.
O que importa é que Mariana, hoje, não fuma – nem defuma – mais. Parou de “se suicidar lentamente”. Essa expressão é bastante utilizada por um rude grande professor que tive. O duro é que o suicídio costuma vir junto com homicídio, já que, ao redor dos indivíduos sociais que somos, há fumantes passivos. O conselho que eu daria para alguém que não suporta esperar o ônibus seria “vá de bicicleta”. Ou espere. E acenda um galho.
"No smoking". Pegou?

5 comentários:

  1. Boa Yullli!
    Acho que reconheci o tal professor...

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  2. nossa, odeio cigarro! ótimo texto, Yuri.
    e graças a deus baixou essa lei, ninguém merece ter de ficar defumando.
    um dia (ah, um dia) a gente não vai ter de andar pelas ruas e começar a sentir aquele cheirinho desagradável.

    e bora mudar essa ideia de que todo jornalista tem de fumar. tem nada! aliás, mais produtivo aquele que não fuma ahahaha

    p.s.: no smoking foi tosco, ein? hahahaha

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  3. Professor? Rude? Quem será? huahuahua

    Gostei da crônica, Yuri, ela está muito bem articulada.

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  4. Yuri, vc já lembeu um carvão? ahahhahaha. Muito legal seu texto. Muito legal a parte que fala que nos sacrificamos com cigarro para interagir. Eu sou a favor de piadas para interação. E contra fumaça, inclusive do ônibus. Então, viva a lei anti-fumo, o carro a hidrogênio e o Bozzo.
    Um beijo.

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  5. ótimo texto (e olha que eu sou fumante.... rs).
    Nancy

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